terça-feira, 27 de abril de 2010

Intervenção do Secretário Regional da Presidência



Texto integral da intervenção do Secretário Regional da Presidência, André Bradford, proferida hoje, na Praia da Vitória, na inauguração da Exposição de fotografia “Quando o Muro Caiu…”, no âmbito da Região Europeia do Ano 2010:

“Permitam-me umas breves palavras – como se deseja num acto desta natureza – para, antes de mais, salientar e agradecer o apoio e o empenho da Câmara Municipal da Praia da Vitória na concretização deste evento, que resulta de uma parceria entre o Governo dos Açores, a Embaixada da Alemanha em Lisboa e o Goethe Institut, no âmbito das comemorações “Açores, Região Europeia do Ano 2010”.

As imagens do fotógrafo e repórter de guerra italiano Lívio Senigalliesi, captadas na transição da Alemanha dividida para a Alemanha reunificada, que aqui podemos apreciar, não só retratam um dos episódios mais marcantes da história contemporânea do continente europeu, como também simbolizam o espírito de união e partilha que é o principal esteio da Europa que hoje construímos.

Sem ocupar sequer 10% da divisória entre as parcelas ocidental e oriental da Alemanha, o Muro de Berlim era uma das fronteiras mais militarizadas do mundo, separando politicamente o que a Geografia e a História tinham, secularmente, posto em comunhão.

Com a sua queda, em Novembro de 1989, na sequência da abertura progressiva da União Soviética de Gorbachov, ganharam novo significado as palavras míticas de John F. Kennedy, quando afirmou, junto às Portas de Brandenburgo, “todos os homens livres, onde quer que vivam, são cidadãos de Berlim”.

É por isso que as imagens que aqui se podem apreciar constituem, para além da sua intrínseca qualidade técnica e artística, uma afirmação inequívoca dos valores da liberdade e da democracia como componentes fundamentais do projecto europeu, que nos compete celebrar sempre e, particularmente, enquanto Região Europeia do Ano, no âmbito do Conselho da Europa.

Este é um das mais de três dezenas eventos específicos que, neste primeiro semestre de 2010, assinalam nas nove ilhas da nossa Região, no continente português e em Bruxelas, coração da Europa dos nossos dias, a designação dos Açores como Região Europeia do Ano.

Partindo da ideia de que somos o território que faz a Europa chegar mais longe a Ocidente, de que conferimos profundidade Atlântica ao continente europeu, ligando-o à outra margem do Atlântico, pretendemos transpor para fora das nossas fronteiras a nossa realidade enquanto agentes do projecto europeu e, ao mesmo, tempo, trazer à Região a cultura e a vivência europeias, de que somos parte integrante mas de que, por vezes, nos sentimos distantes e afastados.

Neste contexto, estabelecemos parcerias com autarquias, instituições e associações culturais, empresas públicas e privadas, mas também com embaixadas e institutos culturais europeus com presença em Portugal, com o objectivo de aproveitar sinergias e a oportunidade criada pelas celebrações da Região Europeia do Ano para levar a cabo projectos de com uma particular relação com a temática europeia.

Na ilha Terceira, em particular, e além do II Fórum Franklin Roosevelt, realizado há cerca de duas semanas e que, este ano, contou com uma vertente europeia reforçada, teremos também, até Julho, um ciclo de cinema europeu, em colaboração com a Azores Film Commission, que incluirá um conjunto de longas-metragens que marcaram a história do cinema na Europa, uma por década, desde a criação da Comunidade Económica Europeia, em 1957, aos nossos dias.

Em Junho, estreará uma peça de teatro do autor açoriano Nuno Costa Santos sobre a pouco conhecida estadia do cantor belga Jacques Brel no Faial, sendo exibida em Lisboa, Ponta Delgada, Angra e Horta, e, em Julho, será a vez de Angra do Heroísmo receber os norte-americanos Pink Martini, grupo que, recorrendo ao formato grande orquestra, faz a síntese perfeita entre o clássico e o moderno, o cancioneiro italiano e francês e o swing americano, simbolizando por isso a união entre os dois lados do Atlântico.

No plano externo, por outro lado, teremos em Maio, em Bruxelas, a realização do Fórum das Regiões Ultraperiféricas, em colaboração com a Comissão Europeia, e, no mês seguinte, levaremos até ao ponto mais central de Bruxelas – a Grand Place – a obra de Canto da Maia, dando a conhecer à Europa um dos maiores escultores portugueses do século XX e um dos mais internacionais artistas açorianos.

Celebrar os Açores na Europa e integrar essa celebração numa lógica mais vasta de promoção da nossa Região e da nossa herança europeia é, pois, o objectivo central da nossa acção e a razão de ser principal do evento que hoje tivemos o prazer de inaugurar.”


GaCS/LFC

Sem comentários: