sábado, 29 de janeiro de 2011

Comemorações regionais do Centenário da República pretendem destacar exemplos de cidadania de açorianos ilustres



O Director Regional da Cultura considerou, na sexta-feira, à noite, em Ponta Delgada, que fomentar a valorização daqueles que, nas ilhas dos Açores, se distinguiram, é um passo importante para se prosseguirem ideais mais elevados.

Jorge Bruno, que falava na abertura da conferência Arruda Furtado e a Ciência - uma questão de fé, proferida por Conceição Tavares, e integrada num ciclo de conferências destinadas a celebrar os 100 anos de República na Região Autónoma dos Açores, destacou o acolhimento que as actividades já desenvolvidas, no âmbito deste programa, têm tido junto do público em geral, e muito, particularmente, junto dos alunos dos vários níveis de ensino, o que permite concluir do seu interesse numa informação clara e precisa sobre a República em termos genéricos e, de uma forma mais específica, sobre a sua expressão e reflexo nos Açores.

Para o director regional, as duas exposições itinerantes – A República: Ideais e Valores e A República: Figuras e Factos – têm levado a todas as ilhas dos Açores um conjunto de conhecimentos que possibilitam uma reflexão mais alargada sobre o período em análise, abordando conceitos, perspectivas e modos de estar na vida, com extrema acuidade no presente. Jorge Bruno precisa, a esse respeito, que Liberdade, Cidadania, Igualdade, Direitos Sociais, Emancipação da Mulher, Educação e Tolerância, são valores que continuam a necessitar de uma constante adaptação à sociedade actual.

A uma perspectiva de carácter mais universal, referiu ainda, o Director Regional da Cultura, pretendeu juntar-se uma outra de âmbito mais local, com a segunda daquelas exposições, através da qual se procurou, em relação a cada ilha, chamar a atenção que deve ser prestada aos homens que lutaram por causas que consideraram justas e progressivas.

Com os seus exemplos de cidadania, prosseguiu Jorge Bruno, o Governo não pretende impor modelos, mas, simplesmente, abrir portas para que cada ilha reflicta com mais atenção sobre os seus filhos e possa desenterrar da penumbra figuras de homens e de mulheres que, nas mais diversas circunstâncias, se esforçaram para o progresso da sua comunidade.

Na oportunidade, o Director Regional da Cultura destacou algumas das personalidades açorianas que se destacaram, quer a nível nacional, quer a nível regional, na luta pelos ideais republicanos. Para além de dois Presidentes da República - Manuel de Arriaga e Teófilo Braga - podem registar-se ainda, mais nove açorianos na qualidade de ministros, nomeadamente, na pasta da Instrução que foi servida por quatro: António Joaquim de Sousa Júnior (natural da Terceira), Manuel Goulart de Medeiros, Manuel Lacerda de Almeida e Manuel Soares de Melo e Simas (todos do Faial); na da Marinha esteve Amaro Azevedo Gomes (do Pico); José Alberto Ferreira de Azevedo Neves (da Terceira) ocupou a pasta do Comércio; Jaime Botelho de Sousa (de São Miguel) a das Colónias; José Nunes da Ponte (de São Miguel) a do Fomento; e Mário de Azevedo Gomes (da Terceira) a da Agricultura.

No Parlamento e no Senado outros nomes marcaram presença, alguns deles, como oradores de primeira linha. E, nas ilhas houve, também, quem desempenhasse um papel de relevo como propagandista e defensor dos ideais republicanos, colaborando, intensamente, na imprensa.

No âmbito do programa comemorativo do Centenário da República, Jorge Bruno confirmou que as duas figuras açorianas de primeiro plano na história republicana serão também homenageadas: Teófilo Braga, com uma exposição e a abertura de uma sala a ele dedicada produzida, essencialmente, com base na sua biblioteca e no seu espólio documental, o qual, depois de cerca de sete anos no Museu da Presidência da República, em Lisboa, será, novamente, reintegrado no acervo da Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Ponta Delgada, e Manuel de Arriaga com a recuperação do Solar dos Arriagas, na Horta, cujo espaço funcionará como repositório de memórias e de evocação dos ideais republicanos.

A conferência Arruda Furtado e a Ciência - uma questão de fé, apresentada por Conceição Tavares, mestre em História, pretendeu tornar mais conhecida a vida e a obra de um açoriano naturalista que, com o seu saber, também, contribuiu para o aprofundamento dos ideais republicanos.

Esta palestra abriu um ciclo de conferências, promovido pela Presidência do Governo, e destinado a celebrar os 100 anos da República nos Açores e com o propósito de assinalar, em todas as ilhas da Região, a passagem daquela efeméride repleta de significado já que foram açorianos os dois primeiros presidentes da República Portuguesa.

A próxima palestra, intitulada Uma República sem padres: a Lei da Separação de 1911 nos Açores será apresentada por Susana Goulart Costa, a meados de Fevereiro, nas ilhas Terceira e São Jorge.




GaCS/JMB

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