quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Presidente do Governo diz que a abstenção foi o lançar de uma dúvida muito poderosa sobre o sistema democrático



O Presidente do Governo afirmou hoje, na Assembleia Legislativa, que a abstenção verificada nos Açores nas eleições presidenciais do último domingo “foi, de certa forma, o lançar de uma dúvida, muito poderosa, sobre o nosso sistema democrático”.

Para Carlos César, que participava nos debates suscitados pela declaração política que o PS apresentou esta manhã sobre as eleições presidenciais, “quando nos Açores votam menos de um terço dos eleitores, há uma interrogação sobre a validade do nosso sistema democrático e de todos os instrumentos de mediação”.

Lembrou ainda que nesta eleição presidencial não estavam em causa candidaturas partidárias mas sim candidaturas unipessoais, o que significa que nessa eleição faliram “outros instrumentos de mediação como sejam os instrumentos pessoais de mediação da vontade popular”.

Por tudo isto, argumentou Carlos César, “temos à nossa frente um desafio muito importante que é justamente o de requalificar o sistema democrático, validando e renovando todos os seus instrumentos de mediação”.

Quanto ao resultado das eleições de domingo, o Presidente do Governo recusou a ideia de que “os açorianos votaram no Prof. Cavaco Silva porque não estão de acordo com as questões centrais que têm animado o debate autonómico dos últimos tempos.”

Se assim fosse, então “até seria importante questionar porque é que o CDS/PP, que apoiou o Prof. Cavaco Silva, esteve também na primeira linha desses últimos debates autonómicos, opondo-se precisamente às decisões que o Presidente da República tomou”, referiu o Presidente do Governo.

Carlos César criticou também o PSD/Açores por se ter apresentado na noite de domingo como o único partido ganhador, acusando mesmo a líder regional dos sociais-democratas de ter vexado e humilhado um representante do CDS/PP que estava ao seu lado na comemoração da vitória do Prof. Cavaco Silva.

O Presidente do Governo considerou ainda que o PSD/A “não pode fazer nenhuma extrapolação para outras eleições”, lembrando que também em 2006 o Prof. Cavaco Silva ganhou sensivelmente com a mesma percentagem eleitoral e, depois, “o PSD perdeu as eleições legislativas para a Assembleia da República, perdeu nas eleições regionais e perdeu nas eleições autárquicas”.

Para Carlos César, significa isto que “o PSD dos Açores só ganha eleições quando essas eleições não têm a ver com o PSD dos Açores”.

O Presidente do Governo opinou ainda que não se “admira que assim seja”, já que o PSD/Açores é o “passado, muito passado, muito para trás”.

Quando olho para os actos públicos e cerimónias do PSD ou para o seu grupo parlamentar, “fico com a sensação de que os senhores são um desfile de Donas Elviras”, afirmou Carlos César, lembrando a propósito que ainda não era candidato a Presidente do Governo e já a líder do PSD/Açores era membro do Governo Regional.



GaCS/FG

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