quinta-feira, 24 de março de 2011

Carlos César diz que não há justificação para o que se passou na Assembleia da República



O Presidente do Governo dos Açores criticou a posição tomada pelos partidos da oposição na Assembleia da República, que rejeitaram em bloco o quarto Plano de Estabilidade e Crescimento, o que provocou a queda do Governo de José Sócrates.

“Eu penso que, se o nosso país já tinha uma situação difícil, que se reflectia na vida de todos nós, portugueses, a situação gerada hoje – com a votação negativa do PEC na Assembleia da República – torna a situação portuguesa ainda mais preocupante”, disse Carlos César.

“Não há justificação para o que se passou hoje na Assembleia da República. É verdade que o Governo tem cometido erros, como todos nós cometemos, mas também é verdade que o Governo demonstrou, de forma muito clara perante os portugueses, que apresentava um programa sujeito a alterações e que entendia útil, até, que a oposição introduzisse medidas alternativas para que esse programa pudesse ser aprovado e apresentado nas instâncias europeias”, acrescentou.

Para o governante, a oposição não se entendeu na proposta de novas medidas alternativas, só se entendendo para dizer que não.

“As consequências dessa posição que os partidos da oposição acabaram por, conjugadamente, ter na Assembleia da República, vão ser muito negativas para o nosso país, porque – se este PEC 4 já era, em muitas das suas medidas, negativo para muitos portugueses, e até lesivo no que diz respeito às regiões autónomas – com esta crise política, com a interrupção governativa, a situação do país vai necessariamente piorar e o PEC 5 vai ser muito pior do que o PCE 4, e com piores consequências para os portugueses que têm uma situação mais frágil”, afirmou.

Carlos César disse esperar que, agora, “se resolva esta crise política o mais depressa possível, tendencialmente pela via eleitoral, que, mesmo assim, corresponderá a um período penoso, porque um governo de gestão é um governo privado, pelo menos, do sentido estratégico que é indispensável para a adopção de medidas nesta fase difícil em que o país se encontra e para a assunção de compromissos claros no plano externo e perante instituições externas.”

Na sua opinião, “por causa da crise política que a oposição provocou, vamos ter uma situação que no país irá certamente piorar. E teremos um PEC 5, com ou sem FMI, que terá piores consequências para os portugueses, para a vida de cada um de nós.”

O governante reiterou o desejo de “independentemente das consequências negativas que isso também trará para a nossa região, que continuemos a ser capazes de conseguir proteger, ao máximo possível, os Açores dessas influências e dessas consequências externas negativas.”

Admitindo que “não conseguiremos certamente passar entre todos os pingos desta chuva, porque ela é uma verdadeira tempestade que se abate sobre o nosso país”, manifestou a convicção de, “com bom senso, com competência, com serenidade, conseguir nos Açores proteger as pessoas que sejam mais prejudicadas, proteger as empresas que fiquem numa situação mais difícil e fazer com que esta crise tenha aqui menores consequências negativas e também que passe mas depressa.”

Sobre um futuro acto eleitoral, realçou que os portugueses vão ter de conhecer melhor não só quem é o primeiro-ministro do PSD, como as propostas daquele partido, sublinhando que, se o PSD chumbou o PEC 4, é porque as medidas que pretende serão muito menos lesivas dos portugueses.

“Ora, todos nós sabemos que isso não é possível e, portanto, se a campanha eleitoral for esclarecedora, os portugueses chegarão à conclusão de que, afinal, o que estava em causa não eram as medidas que o governo socialista estava a tomar – era o facto de o PSD não estar no Governo e não estar no poder. Era a sede de poder do PSD”, disse.

Vincando a ideia, lembrou que “é o próprio líder do PSD que já anunciou o aumento de impostos e uma série de medidas que são gravosas e que vão penalizar ainda mais os portugueses”, medidas essas que, em consequência do interregno provocado pela queda do Governo, gerarão a necessidade de medidas ainda mais austeras.

Reafirmando a sua firme determinação em defender os Açores “seja quem for que lá estiver”, quer seja do PSD ou do PS, como, de resto, já aconteceu quando foram primeiros-ministros personalidades como Durão Barroso ou Santana Lopes, ambos do PSD, ou António Guterres e José Sócrates, os dois do PS.

“O meu sentido de governação não é alterado, no que diz respeito à defesa dos Açores, por ter maior ou menor comiseração em relação a quem seja primeiro-ministro”, garantiu.
GaCS

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