quinta-feira, 21 de julho de 2011

Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Angra do Heroísmo incorpora o espólio de Manuel de Sousa Meneses


A Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Angra do Heroísmo incorporou recentemente o espólio do tenente-coronel médico Manuel de Sousa Meneses, militar, político e homem de letras, que ocupou vários cargos públicos na administração do antigo distrito de Angra do Heroísmo.

O espólio é constituído por uma interessante e valiosa colecção de documentos manuscritos, documentos notariais, fotografias (de família, de campanhas militares, visitas oficiais e actos públicos), discos, monografias, livros e revistas e ainda recortes de jornais e revistas organizados em pastas, e foi entregue à Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Angra do Heroísmo, por doação, por António Manuel Goulart Lemos de Meneses, como representante dos netos de Sousa Meneses.

Entre os manuscritos destacam-se textos originais, alguns inéditos sobre a História do Descobrimento e Povoamento dos Açores e da emigração açoriana para o Sul do Brasil, de criação literária, estudos no âmbito da sua actividade clínica, textos de natureza genealógica e transcrições de manuscritos de referência na área da genealogia, entre outros.

Na colecção bibliográfica destacam-se principalmente obras relacionadas com o surgimento e a implantação do ideário do Estado Novo em Portugal.

Manuel de Sousa Meneses nasceu no Cabo da Praia, ilha Terceira, e faleceu em Angra do Heroísmo. Formou-se em Medicina e fez carreira como médico militar no Exército.

Integrou as forças expedicionárias que durante a I Guerra Mundial fizeram as Campanhas do Sul de Angola, para impedir a invasão alemã.

Em França, para onde foi em serviço, integrado no Corpo Expedicionário Português, foi ferido em combate. Finda a I Guerra, é colocado no Regimento de Infantaria n.º 22, no Castelo de São João Batista de Angra. Nesta situação, exerce como médico no Hospital Militar da Boa Nova, durante longos anos.

Em 1937, foi colocado em Évora, como director do Hospital Militar. No ano seguinte, promovido a tenente-coronel, é transferido para Lisboa, sendo nomeado director do Depósito Geral de Material Sanitário e de Hospitalização e mais tarde Inspector de Saúde da 3.ª Região Militar.

Passa à reserva em 1941 e regressa a Angra do Heroísmo. Porém, volta ao serviço activo em 1943, ao chegar aos Açores a Força Expedicionária que, durante a II Guerra Mundial, vem garantir a soberania portuguesa no arquipélago. É nomeado chefe do Serviço de Saúde do Comando Militar dos Açores e, mais tarde, director do Hospital Militar da Terra-Chã, na Terceira.

Foi apoiante do golpe militar do 28 de Maio de 1926 e do regime do Estado Novo. Entre 1928 e 1931 é chamado a presidir à comissão administrativa da Junta Geral do Distrito de Angra do Heroísmo. Será mais tarde novamente presidente da Junta Geral do Distrito Autónomo (1949-1953) e deputado à Assembleia Nacional (1949-1953). Foi também governador civil do Distrito Autónomo de Angra do Heroísmo (1952-1956).

Foi co-fundador e sócio efectivo do Instituto Histórico da Ilha Terceira. Dedicou-se à investigação histórica e deixou interessantes estudos sobre História dos Açores, em particular sobre a época da descoberta e do povoamento, escreveu teatro (inédito) e transcreveu importantes manuscritos genealógicos.

Foi distinguido com o grau de oficial da Ordem de Cristo e da Ordem de Santiago da Espada, comendador da Ordem de Avis, e recebeu as medalhas comemorativas das Campanhas do Sul de Angola e a Medalha da Vitória, pela sua acção na França durante a I Guerra Mundial.


GaCS/DRaC

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