terça-feira, 10 de julho de 2012

Diretora das Comunidades terminou visita à Bermuda


A falta de um cônsul ou de cônsul honorário que possa representar a comunidade junto dos órgãos do governo bermudiano é uma das principais reivindicações da comunidade portuguesa estabelecida na Bermuda.

O assunto, que continua por resolver apesar das sucessivas promessas do Governo da República, foi colocado à Diretora Regional das Comunidades durante a visita que concluiu ontem à Bermuda.

Na reunião que manteve com a Direção do Clube Vasco da Gama, a única instituição que naquele território  acolhe, defende e representa toda a comunidade portuguesa, na sua vastíssima maioria açoriana, Graça Castanho “anotou” esta situação que preocupa verdadeiramente a comunidade portuguesa, a braços com questões de natureza laboral e obtenção de autorização de residência, entre outros assuntos.

Presentemente, a comunidade da Bermuda conta apenas com uma presença consular, em que uma funcionária oferece aos utentes os procedimentos consulares mais elementares, sem capacidade de representação diplomática ou decisão de matérias mais delicadas.

A Diretora Regional das Comunidades participou também nas Festas do Espírito Santo, organizadas pela comunidade açoriana, na cidade de St. George, a qual contou com elevada afluência de açorianos de diferentes gerações, população local e turistas.

Terminada a vertente religiosa das festas, Graça Castanho dirigiu algumas palavras à numerosa comunidade, lembrando o contributo relevante que, de longa data, os açorianos têm dado no desenvolvimento, qualidade de vida e profissionalismo que caracterizam a Bermuda da contemporaneidade.

Lembrou igualmente a importância da preservação do património açoriano em terras bermudianas, com destaque para as Festas do Espírito Santo, uma prática religiosa secular que tem acompanhado até aos nossos dias as comunidades açorianas radicadas pelo mundo fora. Num gesto de reconhecimento e do orgulho que toda a família açoriana tem nos voluntários que promovem os Açores no estrangeiro, a Diretora Regional ofereceu uma placa da DRC com palavras de agradecimento.

No recinto, para além do encontro com açorianos que desempenham um papel relevante na vida da nossa comunidade, teve a oportunidade de assistir a diferentes espetáculos de música e a outros momentos repletos de açorianidade.

O sucesso das Festas ao Divino Espírito Santo deveu-se ao trabalho denodado da comissão e ao contributo dado pelo Clube Vasco da Gama através da presença da sua marcha, teatro, folclore e foliões. Pela qualidade do trabalho desenvolvido pela equipa liderada pela sua presidente, Dr.ª Andrea DeSousa, a Diretora Regional das Comunidades prestou uma homenagem ao Clube Vasco da Gama pelo trabalho realizado em torno das questões da preservação da cultura e integração das comunidades.

Entrevistada pelo Bernews, um jornal online muito respeitado e lido pelos Bermudianos, Graça Castanho teve a oportunidade de lembrar que os açorianos, pela história que comungam com os primeiros colonos chegados àquelas ilhas, desde o séc. XVII, “não devem ser vistos como uma minoria étnica, nem ter o tratamento das minorias ou imigrantes chegados há escassas décadas ou anos”.

Ainda a este propósito, defendeu que “o nosso papel na cofundação e construção da Bermuda tem sido de tal maneira relevante para estas ilhas que não podemos ser confundidos com os grupos de imigrantes cuja presença na Bermuda, apesar da sua importância, não têm a história e o passado das comunidades açorianas”.

Logo a seguir à dominação britânica e à chegada de escravos de África, começaram a chegar os Açorianos que partilharam as mesmas dificuldades vividas pela população negra. “A nossa carga genética está diluída por toda a população. Basta folhear uma lista telefónica para perceber a força da nossa comunidade, basta falar com as pessoas de raça branca ou negra para perceber quão abrangente foi a miscigenação de que fomos autores, basta ver os nomes portugueses que se distinguem em todas as áreas políticas e sociais da Bermuda para percebermos que não somos uma minoria nem devemos ser tratados como tal”, argumenta Graça Castanho.

Conforme sublinhou, “é devido ao número surpreendente de açorianos que vivem nestas ilhas que a língua portuguesa é a segunda língua de comunicação na Bermuda e está presente nas caixas multibanco, no comércio e nos negócios, a par do inglês”.

Durante a sua visita, Graça Castanho manteve igualmente uma reunião de trabalho com o Vice-Presidente dos Serviços Académicos do Bermuda College, na qual foram delineados alguns projetos a promover em parceria com a Direção Regional das Comunidades, Clube Vasco da Gama e Universidade dos Açores.


GaCS

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