Arquiteto José Parreira no Ciclo de
Debates sobre a Praia
Planeamento territorial do Concelho da Praia da Vitória (Ilha Terceira) deve contemplar
zonas cirúrgicas, projetos âncora e
potenciar o porto e a base
O futuro planeamento urbanístico do Concelho da Praia
da Vitória tem de basear-se na intervenção em pequenas áreas, cujo
desenvolvimento seja alavancado por um ou dois polos, sendo o seu crescimento e
expansão deixados à iniciativa privada. E as futuras utilizações da Base das
Lajes e do porto oceânico devem ser objeto de especial atenção neste
enquadramento. Os conselhos foram deixados pelo arquiteto José Parreira na sua
intervenção no segundo debate do ciclo promovido pela Câmara Municipal da Praia
da Vitória para debater estratégias de desenvolvimento para o Concelho para o
período 2013-2020.
No encontro, que decorreu na manhã de quarta-feira,
29, no Salão Nobre dos Paços do Concelho, subordinado ao tema “Ordenamento
Territorial, Urbanismo e Ruralidade”, José Parreira explicou que as regras do
planeamento urbanístico sofreram uma alteração nos últimos anos, deixando os
planos de reservar vastas áreas para determinado objetivo e passando a intervir
em zonas específicas.
“Esse paradigma terminou. Aliás, se analisarmos o
plano de expansão da cidade da Praia, que reservou uma vasta área para a
prevista duplicação da área urbanizada, concluímos que isso não aconteceu.
Hoje, o planeamento urbanístico deve basear-se em áreas mais reduzidas, onde se
permite a instalação de um ou dois investimentos que alavancam o desenvolvimento
dessa zona, deixando aos privados o seu crescimento. É nesta ótica que devem
definir-se os futuros planos de crescimento urbanístico deste Concelho, que, em
boa verdade, tem sabido desenvolver-se com lógica”, argumentou.
“A Praia, no final do século passado, assentou o seu
crescimento em dois polos: a base e o porto. E, acredito que continuarão a ser
estes os seus dois vértices principais. Mas, com as alterações recentes – a
redução do efetivo militar americano e o possível aproveitamento do porto como
“hub” para o tráfego marítimo de mercadorias – o planeamento atual e futuro
deve contar com estas alterações, procurando prever vetores de crescimento”,
defendeu.
consolidar de um arquipélago com paisagens verdes e onde a natureza é respeitada”, especificou José Parreira.
Para o arquiteto, o planeamento do Concelho –
particularmente da sua malha urbana – deve ter em conta que “o património
arquitetónico da cidade está em formação, uma vez que o atual é recente”.
“No espaço rural, as potencialidades locais, como as
tradições, o mar, o golfe, ou a paisagem, devem ser exploradas, nomeadamente
para um turismo de qualidade, que procura este tipo de lugares. Além disso, é
fundamental voltar esta oferta para o outro lado do Atlântico, sobretudo para a
costa leste dos Estados Unidos, que está a quatro horas de distância”,
sublinhou.
José Parreira defendeu ainda que a Praia não deve ter
medo de intervenções arquitetónicas contemporâneas, tal como tem vindo a
acontecer por toda a Europa.
Também Manuel Ortiz, chefe da Divisão de
Investimentos do Município, defendeu uma reflexão apurada do atual momento
urbanístico do Concelho, no sentido de adequar a revisão do Plano Diretor
Municipal e o plano de urbanização a uma nova realidade.
“Até que ponto faz sentido reservar áreas
significativas para habitações, quando o mercado imobiliário e a construção
estão em decréscimo? Que destino será dado a todas as infraestruturas nas
imediações da base das Lajes? São algumas das questões que se colocam neste
momento e que são fundamentais para se delinearem previsões que permitam planos
urbanísticos mais adequados às nossas necessidades a curto e longo prazos”,
sublinhou o responsável, depois de explicar os vários níveis dos instrumentos
de gestão urbanística em vigor no país e no concelho.
“Uma década depois, o nosso PDM e outros planos
locais demonstram estarem desfasados da realidade. Por isso, é fundamental
refletir-se aprofundadamente sobre estas questões”, alertou.
Sónia Alves, do Parque Natural da Ilha Terceira,
explicou os aspetos do parque e quais as condicionantes que a sua existência
comportam ao nível do ordenamento territorial.
Sublinhou ainda a importância deste mecanismo,
explicando que a sua existência veio por fim a quaisquer dúvidas e facilitou a
análise e viabilidade de projetos nas áreas demarcadas, caso da freguesia dos
Biscoitos.
Por seu turno, Hugo Rosa, presidente do conselho de
administração da Grater, apresentou os objetivos da entidade e,
particularmente, as várias linhas de apoio para projetos de desenvolvimento
regional e local.
“Hoje, perante a realidade que vivemos, o espaço
rural apresenta um enorme potencial de aproveitamento e os apoios canalizados
pela Grater representam um atrativo importante para projetos de investimento
nessa vertente”, sublinhou.
O ciclo de debates “Praia da Vitória – estratégias de
desenvolvimento 2013-2020” decorre no Salão Nobre dos Paços do Concelho até 14
de junho, estando ainda previstos seis debates: Economia e Emprego –
oportunidades e ações (29 de maio, às 17h00, sendo oradores o professor
universitário Tomás Dentinho - “Empresas Sustentáveis e os Investimentos
Públicos Estratégicos para o Século XXI” - e Lara Martinho, da SDEA – Sociedade
para o Desenvolvimento Empresarial dos Açores, que abordará os “Desafios e
Oportunidades das Empresas Locais”); a 31 de maio (15h00),
debater-se-á a Sociedade e Apoio Social; a 03 de junho (10h30) o Ambiente e
Recursos Naturais; a 06 de junho (10h30), o encontro será sobre Educação e
Formação; a 12 de junho (19h30), sobre a Cultura e as Indústrias Culturais
Criativas; e a 14 de junho (17h00), sobre Cidadania e Governância.
Fonte: Da responsabilidade de Tibério
Dinis, Adjunto
Tibério Dinis
Gabinete da Presidência
Telm. 910 205 455
MUNICÍPIO DA PRAIA DA VITÓRIA
Geral: 295 540 200 / Fax: 295 540 210
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