quarta-feira, 25 de março de 2015

Rodrigo Oliveira destaca a importância do resgate do legado açoriano em Santa Catarina, no Brasil

O Subsecretário Regional da Presidência para as Relações Externas destacou, em Florianópolis, a importância do processo de resgate, iniciado há três décadas, do legado açoriano no Estado de Santa Catarina, no Brasil, onde os primeiros povoadores vindos do arquipélago chegaram em 1748.

“Até ao início da década de oitenta do século XX havia muito pouco conhecimento, no sul do Brasil ou nos Açores, sobre o povoamento açoriano e, acima de tudo, sobre a enorme influência desta matriz cultural açoriana na ilha e faixa litoral de Santa Catarina” afirmou Rodrigo Oliveira, acrescentando que “o processo de redescobrimento destas raízes e de reaproximação entre os Açores e Santa Catarina tem o seu grande impulso, precisamente, após a criação do Núcleo de Estudos Açorianos, no sul do Brasil, e da Universidade dos Açores, na Região, e da colaboração que desde cedo empreenderam, a partir de meados dos anos oitenta”.

Rodrigo Oliveira, que falava terça-feira na abertura do colóquio comemorativo do 30.º aniversário do Núcleo de Estudos Açorianos (NEA) da Universidade Federal de Santa Catarina, frisou que “o início da recuperação da identidade açoriana em Santa Catarina ocorre, de igual modo, em paralelo com os primeiros tempos da Autonomia dos Açores e foi, ao longo dos anos, decisivamente apoiado, através da opção que os órgãos de Governo próprio da Região tomaram no sentido de valorizar a sua diáspora e as ligações históricas das suas ilhas com outros territórios”.

“Hoje, com orgulho, podemos dizer que Açorianos e Catarinenses não são mais aqueles parentes distantes dos quais ouvimos falar, mas pouco sabemos ou conhecemos” afirmou, acrescentando que “muito pelo contrário, em ambos os lados do Atlântico se conhece e reconhece, com orgulho, o papel determinante que os Açorianos assumiram no povoamento do sul do Brasil, influência que ainda hoje é vivenciada de um modo consciente acerca das respetivas raízes na cultura catarinense”.

Neste colóquio dedicado à preservação da herança cultural açoriana, o Subsecretário Regional frisou, neste contexto, que “os dois pilares da afirmação da Açorianidade em Santa Catarina são hoje, precisamente, o NEA e a Casa dos Açores, instituições com as quais a Direção Regional das Comunidades (DRCom) trabalha proximamente e apoia, com base nos protocolos celebrados da primeira década deste milénio”.

Por isso, na cerimónia, a Direção Regional das Comunidades foi homenageada pelo NEA com a atribuição de um galardão, tendo em conta “a parceria determinante para a revitalização da identidade cultural açoriana no litoral catarinense”, sendo o Governo dos Açores, através da DRCom, considerado “a principal instituição parceira do NEA neste projeto de Valorização da Cultura de Base Açoriana no Litoral Catarinense”.

Numa referência à presença açoriana, Rodrigo Oliveira salientou que “facilmente nos revemos na arquitetura das casas, no empedramento das calçadas, na delineação das igrejas e impérios, na religiosidade e, claro, nas Festas do Divino, nos nomes da família e nas fisionomias, na maresia, nas lendas, rimas e contos, e, até mesmo, num certo linguajar onde os provérbios assumem grandes semelhanças”.

Rodrigo Oliveira referiu ainda que o património herdado dos casais açorianos que vieram do arquipélago para povoar esta região do Brasil é “ainda maior e mais abrangente”, nomeadamente ao nível do artesanato, da culinária, do folclore, da literatura e das artes em geral.

“Ciente de que este valioso património humano edifica e complementa a nossa história de mais de cinco séculos, a Região Autónoma dos Açores tem estimulado as nossas relações, as quais vão, hoje, para além da afetividade e cultura que nos une”, afirmou, salientando que “o que a distância geográfica e temporal separou, o trabalho das instituições - que é o das pessoas - voltou a unir”.

Nesse sentido, destacou o trabalho que tem sido desenvolvido pelo NEA, instituição criada em 1984, na Universidade Federal de Santa Catarina, cujas iniciativas, segundo Rodrigo Oliveira, contribuem para uma maior divulgação da presença açoriana no mundo, tendo salientado que “as suas parcerias com mais de 40 municípios catarinenses, numa abrangência territorial de 15 mil quilómetros quadrados e de mais de um milhão de pessoas, conferem uma relevante importância, não apenas no mundo académico, mas também na redescoberta das raízes de inúmeras pessoas, locais, instituições e manifestações”.

“Este importante parceiro do Executivo açoriano tem permitido expandir o conhecimento da história que nos é comum, fortalecendo o relacionamento e a cooperação entre os Açores e esta décima ilha”, afirmou, reafirmando a disponibilidade das autoridades regionais para “continuar a trabalhar em conjunto”.

Para Rodrigo Oliveira, “só através de uma união dos diversos atores – governos, academias, associações – poderemos salvaguardar o nosso legado e transmiti-lo às gerações vindouras, para que estas continuemos a honrar o caminhado trilhado até agora”.



GaCS

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