quinta-feira, 19 de maio de 2016

Açores têm responsabilidade especial na conservação da biodiversidade de aves marinhas, afirma Brito e Abreu

O Secretário Regional do Mar, Ciência e Tecnologia destacou hoje, nas Lajes do Pico, o papel dos Açores para a conservação da biodiversidade marinha a nível mundial e, em particular, no que respeita à preservação de várias espécies de aves marinhas.

Fausto Brito e Abreu falava na apresentação do programa de monotorização de garajaus - Censo do Garajau 2016, que tem como objetivo quantificar as populações das duas principais espécies de garajaus que nidificam nos Açores, nomeadamente o garajau-comum (Sterna hirundo) e o garajau-rosado (Sterna dougalii), num investimento de cerca de 10 mil euros.

“O Governo dos Açores, através da Direção Regional dos Assuntos do Mar, financiou a aquisição de equipamento ótico para observação de aves, nomeadamente 10 binóculos e quatro telescópios, que irão permitir a contagem de indivíduos nas colónias mais inacessíveis, em particular nos ilhéus costeiros, e contratualizou o aluguer de embarcações nas nove ilhas do arquipélago para efetuar este censo”, afirmou Brito e Abreu.

O Secretário Regional salientou que “o envolvimento do Governo nestas questões tem uma dimensão que vai para além da dimensão científica”, acrescentando que “é uma obrigação legal da Região dar cumprimento à Diretiva Aves (Rede Natura 2000), da Diretiva Quadro Estratégia Marinha, tendo ainda enquadramento na Convenção OSPAR”.

O governante frisou que os investigadores estimam que, na Europa, cerca de 50% dos garajaus-rosados nidifiquem nos Açores, onde existem mais de três dezenas de colónias desta espécie protegida, “considerada uma das 30 mais raras no continente europeu e que tem um estatuto de conservação de perigo”.

“Estamos a descobrir novas colónias destas aves, sendo que o ano passado foi descoberta no ilhéu da Praia, junto à ilha Graciosa, a segunda maior colónia de garajaus-rosados da Europa, com cerca de 600 casais”, afirmou o Secretário Regional, frisando a importância destes censos, que decorrem de 25 de maio a 10 de junho.

Brito e Abreu defendeu que “a Região tem um papel de destaque a nível mundial no que respeita à conservação marinha”, dando como exemplo o workshop que está a decorrer em São Miguel no âmbito do Mistic’ Seas, um projeto europeu, liderado pelos Açores, que pretende uniformizar metodologias e estudos relacionados com a avaliação das populações das várias aves do Atlântico, bem como de tartarugas marinhas e de cetáceos.

Em 2015, por iniciativa da Direção Regional dos Assuntos do Mar, foi realizada uma formação de monitorização de aves marinhas pela investigadora Verónica Neves, do IMAR/DOP, com o objetivo de capacitar os Vigilantes da Natureza e os técnicos dos Parques Naturais de Ilha para efetuarem campanhas de monitorização de algumas espécies de aves marinhas que nidificam nos Açores, com ênfase nos garajaus.

Este ano, a investigadora vai acompanhar os censos em algumas ilhas onde as colónias são mais densas e onde as duas espécies de garajaus coexistem, o que pode dificultar a sua distinção.

Nos Açores, estima-se que existam cerca de 1.100 casais de garajaus-rosados e cerca de 2.600 casais de garajaus comuns, segundo estudos realizados entre 2001 e 2012.

As principais colónias de garajaus rosados (75 a 80%) concentram-se nas ilhas Graciosa, Flores e Santa Maria.

Anexos:
2016.05.19-SRMCT-CensoGarajau.mp3

GaCS

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